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Retalhos de Memória – 2ª edição

Na sua segunda edição, o projeto Retalhos de Memória propôs às participantes um trabalho sobre identidade e o resgate das técnicas artesanais com linhas e agulhas.

 

Desta vez, participaram das oficinas aproximadamente 100 mulheres oriundas de 8 casas de convivência nas cidades de Resende e Rio de Janeiro. O trabalho central que gerou a exposição e norteou o projeto foi uma intervenção das participantes em suas fotografias faciais impressas no tecido de algodão e teve como objetivo promover a reflexão sobre o envelhecimento e a vida de cada mulher, além da investigação da relação que é estabelecida diante do contato com a própria imagem e com as técnicas artesanais de produção presentes no imaginário da mulher idosa brasileira.

Conforme a edição anterior, no início das atividades foram propostas atividades lúdicas e artísticas com o objetivo de criar vínculos afetivos com as participantes e facilitar a abordagem do tema principal. Os recursos utilizados nas aulas iniciais foram contos sobre a história do tecer e bordar ao longo da humanidade, depoimentos, músicas, e, a cada encontro, era solicitado as participantes que produzissem um pequeno trabalho utilizando as técnicas que sabiam. Desse modo, durante esse processo, as mulheres tiveram a oportunidade de relembrar pontos de bordado, de crochê e fuxico. Foram surgindo álbuns de bordado, histórias e lembranças, roupas de batizado que fizeram para os filhos etc. A variedade de materiais disponíveis foi de grande importância e estímulo para as idosas, muitas delas sem acesso à diversidade de materiais, que são naturalmente bonitos e lúdicos.

O trabalho com a imagem, objeto de grande interesse na área do design, tem início após um mês de preparação com atividades diversificadas e é iniciado com a dinâmica do espelho em que as participantes se olham e respondem a seguinte pergunta: o que eu vejo nesse espelho?

Através dessa pergunta, e diversas atividades propostas, as participantes entram em contato com suas imagens, e tem-se o início de um processo de reflexão, de subjetivação e (re) construção de identidades sociais fragmentadas, uma vez que esse contato gerou, em algumas participantes, questionamentos e dificuldade em reconhecer-se, pois muitas delas, perderam o hábito de se confrontarem com o espelho, esse artefato que acompanha, reflete o desenvolvimento e mudanças dos indivíduos. Para Baudrillard (1993, p. 28), o espelho, objeto de ordem simbólica, não somente reflete os traços do indivíduo como acompanha em seu desenvolvimento o desenvolvimento histórico da consciência.

Defrontar-se com a imagem de si e questionar sobre a imagem envelhecida traz estranhamento, medos e angústias para essas mulheres; porém, a reflexão do que representa envelhecer traz sentimentos de força, coragem, sabedoria e maturidade. Para efeito de nosso projeto, acreditávamos que poderíamos contribuir para que as imagens pudessem dar suporte à discussão de forma prática trazendo a questão da desfuncionalização do idoso e a ausência de identidade social.

Expressei tudo que tinha dentro de mim no retrato. Eu adorei meu retrato.
(Clarisse Marques, 65 anos)

Assista ao vídeo da oficina:https://vimeo.com/72760190

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